Toren O jogo conseguiu o apoio da Lei Rouanet para captação de recursos, também conhecida como “Lei de Apoio à Cultura” e agora pode procurar por investidores com mais facilidade (a lei sozinha não dá dinheiro pra ninguém, só facilita a vida de quem quer apoiar o projeto com uns bons alívios nos impostos).
É um projeto ambicioso, feito por uma equipe pequena de Porto Alegre, que dificilmente seria finalizado sem um bom investimento. O Ministério da Cultura permitiu que a equipe do jogo vá atrás de até 370 mil reais pela lei, o que deve quebrar um galho.
Toren não é o primeiro jogo a ser aprovado pela lei. Aritana já tinha conseguido tal feito no ano passado, mas acabou desistindo de usar os benefícios dela por achar que não valia a pena. “Entrar na Lei Rouanet exige uma série de obrigações. Afinal, estamos lidando com dinheiro público.” disse Pérsis Duaik, um dos membros da equipe do Aritana. “Tudo o que for feito com ele (o dinheiro) tem que ser documentado e qualquer centavo precisa de comprovante.”. O que pelo menos deixa a impressão de que entrar na lei não é algo tão difícil e uma saída válida pra quem tiver um projeto, mas não é a solução pra todos os problemas de quem quer fazer um jogo no Brasil.
Mas enquanto a lei de apoio à cultura vem dando toda essa moral para os jogos eletrônicos, a nossa grande Ministra da Cultura, ex-prefeita de São Paulo e sexóloga Marta Suplicy, em uma audiência pública no último dia 19, foi na direção contrária. Ao ser perguntada sobre os benefícios do tal vale-cultura para os jogos eletrônicos, ela disse que não acha que jogos sejam cultura. “…pode desenvolver raciocínio, pode deixar a criança quieta, pode trazer lazer para o adulto, mas cultura não é,” afirmou a ministra.
Mas dizer que jogos ficarão de fora por não serem cultura quando estão dentro da Lei Rouanet, que é responsabilidade do seu ministério, mostra não só um pensamento atrasado e desinformado, mas também falta de noção do que está acontecendo dentro do seu próprio ministério.
Não que eu esteja ligando muito pro vale-cultura. Não acho que 50 reais por mês vão fazer muita diferença no desenvolvimento cultural do povo e muito menos ajudar a indústria nacional de jogos, principalmente quando a grande maioria dos jogos nacionais são vendidos através de serviços de distribuição digital estrangeiros. Acho que existem soluções melhores aí (abaixar os impostos, por exemplo), mas, de qualquer forma, a declaração da ministra é triste. É foda dedicar a maior parte do seu tempo a essa mídia, acreditando no potencial dela e convivendo com gente que trabalha com jogos por aqui ganhando mal, ralando pra caralho, vendo empresas falindo o tempo todo e não desistindo.
Em uma entrevista ao programa “Bom dia DF”, a ministra ainda disse que o vale vai abranger TV a cabo, revistas e coisas do tipo, incluindo até revista de sacanagem, por que não? Ainda disse que pode reconsiderar a decisão quanto aos jogos, o que levou a ABRAGAMES (a Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais) a mandar uma carta aberta para a ministra, lembrando que o ex-ministro Gilberto Gil já tinha comentado o assunto dizendo que jogo é cultura e que tudo é muito lindo. Representantes da ACIGames também dizem estar preparando um material aí pra mandar pra mãe do Supla. Vamos ver isso aí.
Enquanto isso não se resolve, desejamos boa sorte pro pessoal do Toren e lembramos que nos últimos anos a indústria de games nacional tem se virado muito bem com o governo mal sabendo que ela existe e só tende a melhorar, com ou sem a ajuda dele.
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